Mário Cláudio distinguido com o Grande Prémio de Romance e Novela 2014
pela Associação Portuguesa de Escritores (APE)
CLÁUDIO, Mário – Astromonia
A obra estará dividida em três partes, intituladas "Nebulosa", "Galáxia" e "Cosmos", referentes às três fases fundamentais da vida do protagonista: a infância, a idade adulta e a velhice", explica a editora.
Este livro, que ficciona a vida de Giacomo, discípulo do pintor renascentista Leonardo da Vinci, é o segundo de uma trilogia de novelas dedicadas a relações entre pessoas de idades distintas.
CLÁUDIO, Mário – Boa noite, Senhor Soares
Esta trilogia foi iniciada em 2008 com Boa noite, Senhor Soares, no qual é revisitado o semi-heterónimo Bernardo Soares, de Fernando Pessoa, e a relação com António, "moço de escritório", e concluída este ano com O Fotógrafo e a Rapariga, sobre o escritor Lewis Carroll e Alice Lidell, que inspirou Alice no País das Maravilhas.
CLÁUDIO, Mário – O Fotógrafo e a Rapariga
Mário Cláudio está entre os escritores mais premiados da literatura portuguesa, escritor prolífico, metódico e rigoroso, pesquisador de estilos e investigador da «portugalidade», serve-se dos mais variados géneros literários – poesia, romance, teatro, conto, crónica, novela, literatura infantil, ensaio, biografia –, embora confesse sentir-se mais à vontade na narrativa ficcional, sobretudo o de cariz histórico. Na sua escrita e oralidade denota, uma religiosidade abnegada de cunho católico e barroco.
É um leitor compulsivo e cronista de costumes, escreveu inúmeros textos de opinião e conferências, mas também séries documentais para a televisão. Fez traduções, organizou antologias e comunidades de leitores, prefaciou inúmeros novos autores e colaborou dispersamente em mais de meia centena de diferentes jornais e revistas, nacionais e estrangeiros, nos últimos 30 anos, tendo-se ainda empenhado na homenagem e divulgação de importantes figuras da cultura portuguesa (Nobre, Camilo, Aquilino, Eça), a par de algumas profissões institucionais ligadas à Cultura, em especial a literária.
Mário Cláudio
Mário Cláudio é o pseudónimo literário de Rui Manuel Pinto Barbot Costa, nascido a 6 de Novembro de 1941, no seio de uma família da média-alta burguesia industrial portuense de raízes irlandesas, castelhanas e francesas, e fortemente ligada à História da cidade nos últimos três séculos. Filho único, foi primeiro instruído por um professor particular, tendo prosseguido os estudos, até à conclusão do liceu, sob a rígida batuta dos padres do Colégio Almeida Garrett (actual Teatro do Bolhão, no Porto).
Começou o curso de Direito em Lisboa e terminou-o em Coimbra (1966), onde viria a diplomar-se novamente, em 1973, com o Curso de Bibliotecário-Arquivista. Pelo meio, a Guerra Colonial e uma mobilização para a Guiné, na secção de Justiça do Quartel General de Bissau. Antes de partir, em 1968, entrega ao pai, pronto para publicação, o seu primeiro livro de poemas, Ciclo de Cypris, publicado no ano seguinte.
Pouco depois de assumir a direcção da Biblioteca Pública Municipal de Vila Nova de Gaia, foi bolseiro da Fundação Gulbenkian, tendo obtido o título de Master of Arts em Biblioteconomia e Ciências Documentais (1976), pela Universidade de Londres, defendendo uma tese que seria parcialmente publicada com o título Para o Estudo do Analfabetismo e da Relutância à Leitura em Portugal, o único livro que assinou com o seu nome civil. Ainda durante a década de 70 publica dois livros de poesia, um romance, uma novela, um livro de viagens em colaboração e uma antologia de textos sobre Gaia.
Pertenceu sucessivamente à Delegação Norte da Secretaria de Estado da Cultura, ao inacabado Museu da Literatura e à direcção da Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto.
Em 1985, iniciou-se como professor na Escola Superior de Jornalismo do Porto e, actualmente, é professor convidado da Universidade Católica do Porto e da Fundação de Serralves.
Em 1984, por convite de Vasco Graça Moura, escreve Amadeo, biografia do pintor futurista Amadeo de Souza-Cardoso (3).
Amadeo no seu atelier, Rue Ernest Cresson, 20, Paris, 1912
Les Faucons (Os falcões), 1912
Tinta-da-china sobre papel, 27 x 24,3 cm
Que Mário Cláudio consideraria como uma «psico-socio-biografia», e início da premiada Trilogia da Mão, na qual o escritor abordou a vida e obra de outras duas figuras artísticas nortenhas, a violoncelista Guilhermina Suggia (Guilhermina) e a barrista Rosa Ramalha (Rosa). Através dos três artistas, tipificou distintos estratos sociais (aristocracia, burguesia, povo) e o «imaginário nacional», entre o virar do século XIX e meados do século XX. Nesta primeira trilogia, o autor romanceia o próprio processo de biografar, através de uma escrita fragmentada, mais sensorial que objectiva. Aliás pode-se afirmar, para usar as palavras do autor: «toda a biografia é um romance».
Em 1984 foi distinguido com o Grande Prémio de Romance e Novela da APEprecisamente pelo romance Amadeo.
CLÁUDIO, Mário – Amadeo
Seguiu-se a publicação de um segundo tríptico (A Quinta das Virtudes, Tocata para Dois Clarins e O Pórtico da Glória), onde a História volta a cruzar a ficção, mas desta feita incorrendo na autobiografia familiar.
CLÁUDIO, Mário – A Quinta das Virtudes
Entre 2000 e 2004 publicou uma outra trilogia, composta por Ursamaior, Oríon e Gémeos, e que é descrita pelo autor como relacionada com «situações de alguma marginalidade» e «discurso problemático com o poder», transversais a três gerações de personagens, uma por volume.
CLÁUDIO, Mário – Oríon
CLÁUDIO, Mário – Gémeos
O autor está traduzido em inglês, francês, castelhano, italiano, húngaro, checo e serbo-croata.
Foi condecorado com a Ordem de Santiago de Espada.
Em 2004, pelo conjunto da obra literária, foi-lhe atribuído o Prémio Pessoa e em 2008 recebeu o Prémio Vergílio Ferreira.
Já conquistou por duas vezes o Prémio PEN Clube Português de Novelística, assim como o Grande Prémio de Crónica da APEe o Prémio Fernando Namora com o romance Camilo Broca.
CLÁUDIO, Mário – Camilo Broca
Em 2013, a antiga escola primária de Venade, localidade do concelho de Paredes de Coura, foi reconvertida num Centro de Estudos Mário Cláudio, criado a partir do arquivo doado pelo escritor.
Centro de Estudos Mário Cláudio (Paredes de Coura)
Chegados a este ponto, pergunta-se: o que é que o Miguel de Carvalho tem a ver com o assunto?
Miguel de Carvalho – artista plástico/livreiro-antiquário
A capa do livro foi concebida por Rui Garrido com base numa collage de Miguel de Carvalho – No Princípio Não Era O Verbo.
Miguel de Carvalho - o artista a trabalhar
(©Fotografia de mdc no Facebook)
Dentro do estilo a que já nos tinha habituado, e das quais partilha algumas no Facebook, conseguiu realizar um trabalho que permitiu a realização de uma capa com um excelente grafismo e que em muito valoriza esta obra.
Bom agora resta-nos comprar, ler o livro e apreciar mais de perto esta pequena obra de arte. (Quando digo pequena refiro as dimensões que não a sua alta qualidade)
Fotograma do filme Documental sobre o escritor Mário Cláudio.
Realizado por Jorge Campos e produzido pela Vigília Filmes
Bibliografia:
Ficção
Um Verão Assim (1974)
As Máscaras de Sábado (1976)
Damascena (1983)
Improviso para Duas Estrelas de Papel (1983)
Amadeo (1984)
Guilhermina (1986)
Duas Histórias do Porto (1986)
A Fuga para o Egipto (1987)
Rosa (1988)
A Quinta das Virtudes (1990)
Tocata para Dois Clarins (1992)
Trilogia da Mão (1993)
Itinerários (contos, 1993)
As Batalhas do Caia (1995)
Dois Equinócios (contos, 1996)
O Pórtico da Glória (1997)
O Último Faroleiro de Muckle Flugga (1998)
Peregrinação de Barnabé das Índias (1998)
Uma Coroa de Navios (1998)
Ursamaior (2000)
O Anel de Basalto e Outras Narrativas (narrativas, 2002)
Oríon (romance, 2003)
Gémeos (romance, 2004)
Triunfo do Amor Português (2004)
Camilo Broca (2006)
Boa Noite, Senhor Soares (2008)
Retrato de Rapaz (2014)
O Fotógrafo e a Rapariga (2015)
Astronomia (2015)
Poesia
Ciclo de Cypris (1969)
Sete Solstícios (1972)
Étimos e Alexandrinos (1973)
A Voz e as Vozes (1977)
Estâncias (1980)
Terra Sigillata (1982)
Dois Equinócios (1996)
Nas Nossas Ruas, ao Anoitecer (2001)
Os Sonetos Italianos de Tiago Veiga (2005)
Teatro
Noites de Anto (1988)
A Ilha de Oriente (1989)
Henriqueta Emília da Conceição (1997)
O Estranho Caso do Trapezista Azul (1998)
Outras
Meu Porto
Fotobiografia de António Nobre
A Cidade num Bolso
Pintor e a Cidade
Páginas Nobrianas
Júlio Pomar - Um Álbum de Bichos
Espero ter despertado o vosso interesse para este conceituado autor português bem como para a análise da estética, grafismo e autoria das capas das obras que nos passam pelas mãos, que por vezes “ficam um pouco ao lado”.
Saudações bibliófilas
Notas:
(1)O Grande Prémio de Romance e Novela da APE foi criado em 1982 e teve, nesta 33.ª edição, o apoio da Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, da Fundação Calouste Gulbenkian, da Imprensa Nacional-Casa da Moeda, do Instituto Camões e da Sociedade Portuguesa de Autores.
(2) Vergílio Ferreira, António Lobo Antunes, Agustina Bessa-Luís e Maria Gabriela Llansol foram os quatro outros autores distinguidos por duas vezes com este prémio da APE.
(3) Amadeo de Souza-Cardoso – Wikipedia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Amadeo_de_Souza-Cardoso
Fontes consultadas:
DGLAB – Direcção Geral Livro dos Arquivos e das Bibliotecas
Màrio Cláudio – Wikipedia:
Mário Cláudio – Portal de Leitura: